sábado, 31 de maio de 2008

Reflexão no epílogo da vida do Pr. Isaac Martins Rodrigues

DISCURSO PROFERIDO PELO PASTOR ROBERTO JOSÉ DOS SANTOS

Como disse Jeffrey Bingham: A história impede-nos de nos apaixonar por nós mesmos. A história estimula a virtude religiosa da humildade. E ainda descrevendo em sua obra as palavras de João de Salisbury (1115-1180): Nossa própria geração desfruta da herança dada a nós pela geração que nos precedeu. (...) Bernardo de Chartres costumava nos comparar a anões [fracos] que empoleiraram nos ombros de gigantes. Ele chamou a atenção de que vemos mais além do que os nossos antecessores, não porque temos uma visão mais apurada ou maior das coisas, mas porque somos erguidos e sustentados à altura de sua estatura gigantesca.

Têm razão os pensadores acima. Às vezes podemos ser tentados a pensar ou a imaginar que somos melhores ou maiores do que aqueles que nos precederam, no entanto, só estamos fazendo ou construindo sobre aquilo que já foi erigido à custa de sacrifício e luta dos nossos antepassados.

Estamos em patamares mais altos porque outros edificaram mais abaixo. Hasteamos uma bandeira orgulhosamente porque outros a teceram e a coseram em meio à sangrenta batalha da história.

Temos um nome e uma respeitabilidade diante de tantos, porque outros pagaram o preço do trabalho, do serviço e da resignação diante da escassez para a construção da abundância daqueles que viriam depois.

Quantas vezes podemos ser tentados a pensar que não necessitamos da nossa história ou da nossa bandeira, imaginando podermos criar nossa própria história ou nossa própria bandeira, quando somos o que somos por causa daqueles que já construíram a história e que já teceram a bandeira qual devemos honrar.

Por mais que fizermos não poderemos nos igualar aos nossos pais. Pastor Isaac alcançou milhares de milhares, quando ainda eram poucos aqueles com quem podia contar. Hoje quando alcançamos outros milhares é porque já existe um lastro que foi edificado a duras penas.

A nossa geração é produto daquele que em vida renunciou a própria vida, dando a sua vida em prol das nossas vidas. Negar aquele que gerou é negar a sua própria geração.

O Pastor nasceu. Nasceu para fazer valer um plano divino no contexto histórico da humanidade. Nasceu para crescer entre os de sua geração e fazer diferença em uma sociedade necessitada de valores que transformem sua gente.

O Pastor Isaac renunciou. Renunciou seu comércio. Renunciou seus projetos particulares. Renunciou em alguns momentos sua própria família para dar atenção a outros. Pelo que agradecemos a todos os familiares deste grande homem de Deus, que pagaram um preço – o preço da ausência – para que todos nós pudéssemos ser gerados e compartilharmos de sua presença.

O Pastor Isaac lutou. Lutou pelas almas. Lutou pela Igreja. Lutou pelo Ministério. Lutou pelo reconhecimento de uma obra. Lutou por mim. Lutou por você. E não existe nada que lute mais ainda hoje, do que a sua própria memória. A Bíblia diz que o justo ficará em memória eterna. Sl 112.6.

O Pastor Isaac acreditou. Acreditou em uma chamada de Deus. Acreditou em homens humildes e simples que o ajudaram a construir uma obra para Deus. Acreditou em mulheres que oraram pelo crescimento desta obra. Acreditou em jovens, adolescentes e crianças. Acreditou em nós. Acreditou em mim. Acreditou que um moço como eu seria capaz de substituí-lo – que ousadia. Ousadia própria daqueles que andam com Deus. Ousadia daqueles que ouvem a voz de Deus e coloca em ação a orientação do Senhor.

O Pastor Isaac morreu. Morreu para se tornar maior. Morreu para ser reconhecido por aqueles que em vida não o reconheceram. Morreu para fazer parte da história. Morreu para que aqueles que estavam na sombra dele viessem para a luz. Morreu para que aqueles que aprenderam dele pudessem demonstrar para os duvidosos que o espólio de seu Ministério não seria vilipendiado pela ganância ou pela vaidade pessoal de quem quer que seja. Morreu para fazer valer em nós tudo que ensinou: humildade, responsabilidade, trabalho, coragem, unidade.

Mesmo sem influenciar diretamente sobre sua substituição, já que à época estava impedido de se manifestar publicamente – por estar hospitalizado – aqueles que foram gerados por ele, demonstraram equilíbrio e unidade, elegendo por unanimidade este que vos fala como substituto deste ícone da Assembléia de Deus no Brasil.

O Pastor Isaac vai ressuscitar. Vai ressuscitar para receber a sua recompensa. Vai ressuscitar para junto com os fiéis gozar das delícias prometidas àqueles que amam a vinda de Jesus. Vai ressuscitar para ouvir de Jesus: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel. Sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor. Mt 25.21.

Tudo que se diga é pouco. Tudo que se faça é nada.

Agradecemos a Deus por nos ter concedido em Abreu e Lima um homem do quilate do Pastor Isaac Martins Rodrigues. Só na eternidade teremos revelado a grandeza do serviço prestado por este servo de Deus. Somos - os seus filhos, gerados do seu ministério - incapazes de dizer ou de fazer alguma coisa que traduza a importância e o reconhecimento por tudo realizado. Podemos apenas dizer: Deus, muito obrigado! Pastor Isaac, muito obrigado!

Abreu e Lima, 30 de maio de 2008.

Roberto José dos Santos.

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